Ídolos

 
Muita gente vem falando sobre o quanto o futebol italiano baixou de nível nos últimos anos, e isso é um fato inegável. Porém, também é inegável que nenhum pais tem/teve tantos ídolos nos últimos anos: Inzaghi, Luca Toni, Cannavaro, Del Piero, Gattuso, Nesta, Maldini, Camoranesi, Zambrotta, Pirlo, Materazzi, entre outros. Deu pra ver que ídolos não faltam, mas tem dois em especial, que particularmente sou fã por tudo que representam: De Rossi e Totti. Ambos são geniais, durante sua carreia receberam dezenas de propostas, mas o amor pela Roma sempre foi maior.


A tatuagem que representa o que De Rossi é em campo.

Daniele De Rossi chegou a Roma, clube da sua infância, em 2000. Chegou como atacante, e com o passar dos jogos foi recuando até ser um dos melhores e mais técnicos volantes do mundo. Ao lado de seu senso de defesa apuradíssimo, e sua técnica para passes e lançamentos está a raça natural de qualquer italiano que se preze. De Rossi é do tipo que não leva desaforo para casa, ele resolve em campo, com carrinhos, insultos e as vezes até sangue. Muitas vezes De Rossi chega até a exagerar em entradas, sendo expulso algumas vezes de maneira até infantil, mas isso nunca afetou a idolatria que a torcida tem nele e o amor dele pela torcida. Por ser esse brilhante jogador, De Rossi atraiu interesse de diversos clubes durante sua carreira, chegando até a se especular uma possível saída dele, mas em 2007 ele deu uma resposta quanto a tudo isso, que se aplica até hoje: "Se dependesse só de mim, estaria pronto para amanhã de manhã assinar um contrato por mais cinco, dez anos, talvez até o fim de 2030. Não me imagino com outra camisa". Por mais que se especule, qualquer torcedor giallorosso sabe que De Rossi só sairá do time, quando se aposentar.

A principal taça, no sacrifício.
O outro monstro também é ídolo da Roma, não apenas ídolo, mas o maior de todos os tempos: Totti. Mas quem é Francesco Totti? Com a palavra, o próprio: "Sou um rapaz simples, sincero e altruísta. Mas não é essa a imagem que o público tem de mim, porque não gosto de mostrar meus verdadeiros sentimentos. Não sou nem arrogante, nem indolente. É só uma maneira de me proteger contra os inconvenientes da popularidade". Totti é único, monstruoso, genial, para a cidade que vive desde que nasceu – Roma -, Totti é praticamente um Deus. Ou um demônio, para o lado de Roma que prefere a Lazio. Totti chegou as categorias de base da Roma em 1989, levado por sua família, que também torcia pelo clube. Estreou no time principal em 93, com 16 anos de idade, e partir daí começou a atrair interesse de diversos clube pela Itália, principalmente do Milan, que o sondou e quis contrata-lo por anos. Em 1999 já era o “cara” do time, e com apenas 20 anos foi nomeado o capitão da equipe, posição que ocupa até hoje. Totti, como jogador, é semelhante ao seu melhor amigo De Rossi, em suas devidas proporções. Totti também é “cão de briga”, raçudo, corre, marca, se dedica em um jogo como se fosse o ultimo e o mais importante de sua vida. Essa vontade natural dele, junto com seu poder de fogo, chute incrível, passes precisos, o fizeram ser o maior artilheiro da história da Roma e o segundo maior artilheiro da história da Itália. Porém, um jogador tão bom chama a atenção de muitos clubes poderosos, e foi o que aconteceu em 2004, quando o clube que mais tem admiração de Totti, o Real Madrid, lhe ofereceu um contrato altíssimo, e um projeto para títulos, projeto do qual ele seria o 10. Dizem nos bastidores, que o acordo foi até posto no papel e só faltou a assinatura de Francesco, mas que no último momento Totti decidiu ficar onde seu coração era feliz. Talvez o único ponto fraco de Totti como atleta seja suas lesões. Desde as categorias de base, Totti tem problemas com seus joelhões e sua coluna, mas isso nunca o fez ter medo de dividas. Porém, uma lesão séria em fevereiro de 2006 quase o tirou da copa daquele ano, e essa lesão mudou sua vida com a azurra. Totti foi o camisa 10 e ao lado de Cannavaro o melhor da seleção que foi campeã do mundo naquele ano, porém uma declaração após a copa explica o sacrifício de Totti “O meu problema principal é físico. Com os problemas que tenho no joelho, tornozelo e costas não posso jogar simultaneamente por Roma e seleção. Descobri um número máximo de jogos que posso fazer por ano. E, para isso, infelizmente tenho de renunciar à seleção, porque à Roma não posso, é a prioridade".
O mais incrível quando falamos nesses dois símbolos da Roma, é que seu amor pelo clube vai além de títulos. Tanto De Rossi quanto Totti ganharam poucos títulos em suas carreiras: Duas Copas da Itália, um Scudetto e duas Supercopas. Muito pouco pelo que jogaram, porem o legado e o símbolo que eles deixarão para as próximas gerações vai além disso, se trata de uma relação cada vez mais rara, onde a fama e o dinheiro não importam nada perto da idolatria de um clube pelo seu jogador, e do jogador pelo seu clube. Ambos, ao lado de outros como Gerrard, Giggs, Raúl, Xavi, Puyol, Terry, Lampard, Buffon etc, são a representação viva de uma feliz frase dita por Lucio “O escudo no peito é mais importante do que o nome escrito nas costas.” Que os futuros jogadores, sigam esse exemplo, pro bem do futebol.

Totti já tem 37 anos, e caminha a passos largos pra suas últimas temporadas, De Rossi já tem 30 anos e deve ter mais 6 ou 7 anos de alto nível pela Roma. Nenhum dos dois é um garoto, e já provaram tudo que tinham para provar nesse mercenário mundo do futebol, porém, cada vez que o arbitro apita pro início de um novo jogo, eles se sentem garotos, jogam como nunca, lutam como sempre, fazem o possível e o impossível, tudo isso para honrar o nome de um único amor em comum: A Roma.


O amor por um clube passado de geração em geração. Simplesmente, épico.
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