Em um relacionamento sério com o fracasso na América


Antes de mais nada, é preciso falar que este que vos lhe escreve é flamenguista de corpo, alma e coração, e assim como toda a nação, está com raiva e magoa do time pelo recente vexame. Mas sabe que agora não é hora de exorcizar antigos fantasmas, xingar um time inteiro ou apedrejar aqueles que há poucos dias atrás eram nossos heróis. É hora de levantar, sacudir a poeira e cantar aos quatros ventos: Conte comigo, mengão!

Mas enfim, fazendo um breve retrospecto do Flamengo, lembramos do Fla de 2013. O Flamengo que foi campeão da Copa do Brasil, com um time limitado tecnicamente, mas um time de vontade e raça, que sabia de seus limites e os transformava em pontos fortes, era um time apenas mediano, que jogava com 11 jogadores fora de casa, mas com 40 milhões no Maracanã. Porem, se analisarmos o Flamengo de 2014, especialmente nas terras sul-americanas, vemos um time mediano, também limitado, mas um time com medo, sem a vontade que trouxe alegrias em 2013. E o pior, o principal jogador do Fla, sua torcida, compareceu, mas o time não soube aproveitar essa força extra. Foram 3 jogos no Maraca, uma vitória, um empate e a crucial (e justa) derrota para o Leon. Mas o que houve? Como pode um timer mudar tanto em tão pouco tempo? 

Eu poderia vir aqui, citar diversos pontos em que o Fla falhou, citar a falta que Elias nos faz, poderia falar sobre a “crise” do Brocador, citar a inexperiência e o medo de arriscar de Jayme, citar a burrice de Amaral no primeiro jogo, a zaga que entregou gols ridículos contra Bolivar e Leon em pleno Maracanã, as “raquetadas” de Felipe jogo após jogo, ou até mesmo jogar uma parcela da culpa no azar e nas lesões que desfalcaram o time em praticamente todos os jogos, mas eu, como um flamenguista que nunca viu seu time fazer sucesso nos países castelhanos afirmo, o principal motivo de mais um vexame rubro negro na Libertadores é simples: o Flamengo não nasceu para a Libertadores.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo!
Esta afirmação é triste, porem verdadeira. O título da Libertadores de 81 é apenas uma exceção a regra de que não sabemos jogar competições que envolvam times dos acirradíssimos campeonatos equatorianos, bolivianos, colombianos etc. A Libertadores contra o Fla se tornou uma lupa, que engrandece os horríveis times de 90% da América, mas que apequena e esconde qualquer resquício de habilidade do time da Gávea. Do mesmo modo que brincamos no campeonato Carioca, a Libertadores brinca com nossas noites de quarta-feira. Brinca por que não sabemos cadenciar um jogo, por que não temos capacidade de ignorar caldeirões ou usar nosso caldeirão a nosso favor, não sabemos fazer a “catimba” e muito menos lidar com altitude, resumindo, hoje precisaríamos de aulas com o professor Riquelme, pois estamos reprovados na matéria das Américas.

Somos considerados amadores nessa competição onde o grandioso Bolivar foi o primeiro colocado do grupo, e nós sequer ficamos uma única rodada na zona de classificação. Tínhamos time para tal, pois por mais pessimista que algum rubro negro fosse, ele sabia que a classificação era obrigação, sempre crendo na força do Maraca e na esperança de que “uma hora vai”. Mas não foi.
Mais uma vez estamos fora na fase de grupos, mais uma vez um time de muito longe vem, e faz o que quer em nossa casa, mais uma vez os 11 flamenguistas em campo se escondem atrás de desculpas, de promessas que o futuro será diferente, mais uma vez o gigante, não foi gigante. Infelizmente o sonho do bi (que não tinha chances de ocorrer este ano) fica para ano que vem, década que vem, século que vem. Mas uma hora vai, acredito nisso, o Flamengo me ensinou a acreditar enquanto ninguém mais acredita, infelizmente, o próprio Flamengo não aprendeu a acreditar em si mesmo além das fronteiras. Sólo podemos tener fe en que el título llegará una hora. I (todavía) creo.

Somente um gênio para fazer história

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