A lenda do espírito de Condá


Reza a lenda que um dia o sol se escondeu em meio as nuvens. Os pássaros cantaram um canto lamurioso. Os bichos da Mata não saíram para caçar, nem para se alimentar. Nem o vento fazia seu tradicional uivo por entre as copas das árvores. Tudo era lamentação e respeito motivados pela morte do filho do sol, do amigo dos pássaros, protetor dos bichos da mata. 

Esse era Condá. Um garoto de 43 anos. Garoto. Pois possuía a face jovial de um adolescente. Como se estivesse descobrindo a vida ainda. Diferente dos outros garotos, não foi concebido e amamentado por mulher. Foi concebido por uma onça, e amamentado por uma anta. A floresta era sua mãe e seu pai. Pai e mãe que ele detinha o amor mais profundo e verdadeiro. 

Condá era um índio faceiro. Daqueles que viviam livre por entre os cantos e refúgios da mata. Não era como os outros aborígenes. Não pertencia a uma tribo. Era símbolo de todas as tribos. Como um membro emérito de todas. Respeitado por todas. Amado, amado e amado por todas. Tinha em seu cocar as cores Verde e Branco, símbolo maior de sua força. E possuía um arco e uma flecha, com o qual ele espalhava a justiça entre as tribos. Era o símbolo maior de justiça entre os povos indígenas. Por ter a admiração de todos, conseguia manter a ordem por entre as ocas e ninhos. Entre animais e gente. 

No entanto, algo chamava a atenção de Condá de uma forma diferente. Sempre no final da tarde, o jovem-velho homem subia em uma palmeira e ficava impressionado, abismado, olhando os pássaros. Para ele, nada era mais lindo, nada era mais completo quanto o voo de um pássaro. Ele assobiava, sorria e cantarolava para os pássaros, como se suplicasse para que seus braços fossem substituídos por asas. E seus pelos por penas. Queria fazer parte de uma revoada, sentir-se infinito pelos céus do mundo inteiro. Mostrar para todos os povos do mundo sua forma de unificar. 

Aos poucos, sua justiça e imparcialidade chamavam a atenção dos Deuses. De todos os Deuses, de todas as religiões. Sua forma pacífica e carismática de conquistar admiração dos bichos tal qual dos homens trazia uma vontade dos Deuses de chamar Condá para os céus, a fim de trazer uma União sobre todos os povos do mundo. E assim, o Deus de Condá o chamou. E Disse:

- Ó Filho das matas, prole da onça protetora e alimentado pela anta símbolo de sua gente, amigo dos Tuius e primo dos bichos caçadores,  os céus clamam por sua vinda, pois demonstra habilidade única de unificar os povos, sua presença aqui é mais que necessária. Suba o mais rápido possível na mais alta Palmeira da floresta, para se encontrar com os céus. 

Espantado, Condá correu o mais rápido que pôde até a palmeira mais alta que conhecia. E começou a subir, subir, subir. Até que quando chegou no ponto mais alto da árvore, de uma vez só a árvore sumiu. Desesperado, o Filho de onça começou a queda livre, rumo ao chão, rumo a morte. Foi então que seus braços sumiram também, e duas asas gigantes tomaram seu lugar. Sua pele começou a sair, a descamar, sendo substituída por penas. Condá então virou um pássaro gigante. E voou até o céu, para se encontrar com os deuses. 

O sol se escondeu. Os pássaros não voaram. Os bichos da mata não caçaram. Mas todos os animais e os humanos sabiam que o espirito de Condá povoava seu coração. O espírito de justiça. O espírito de União. Condá partiu como símbolo da unificação dos povos. Todo ser vivo da terra, a partir desse dia, carrega consigo o espírito de Condá.

A Chapecoense é Condá. Como Condá, uniu o Brasil na sua luta pelo título da SulAmericana e agora une o mundo. 

SEREMOS SEMPRE CHAPECOENSE, SEREMOS SEMPRE, CONDÁ. 
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